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> 3G: Um agente de mudanças na América Latina
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Enfim chegou o tão esperado dia. Nesta terça-feira, 18/12, a Anatel realiza o leilão de faixas de freqüência de 1,9 e 2,1 GHz para a terceira geração da telefonia celular. É um grande impulso para que o Brasil consolide sua presença na telefonia 3G na América Latina, onde essa tecnologia - tida como alternativa concreta para promover a inclusão digital – começou a ser implantada no final de 2006. Acompanhe a cobertura completa do Leilão da Terceira Geração do Brasil no Convergência Digital.
No Brasil, a Vivo já usa a tecnologia EVDO, reconhecida como de Terceira Geração, mas ela está implementada em apenas 27 cidades do país. As operadoras Telemig Celular (recém-comprada pela Vivo) e Claro acabam de implantar suas redes 3G (WCDMA/HSDPA) na freqüência de 850 Mhz, ao passo que as demais operadoras ainda aguardam o resultado da licitação.
Mundialmente existem, hoje, segundo dados da consultoria Informa, mais de 3 bilhões de celulares. Na América Latina, o número de assinantes supera os 357 milhões, dos quais 77% são GSM – padrão que tende a evoluir naturalmente para a tecnologia de terceira geração UMTS/HSPA.
A implantação da 3G ocorre gradualmente e, atualmente, é realidade em Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Porto Rico. Outros países devem se juntar ao grupo em 2008. Ao todo, são 12 redes comerciais já lançadas na região, permitindo acessar a Internet em banda larga nos celulares. Isto significa baixar, subir e compartilhar arquivos em alta velocidade, navegar na web, usar serviços corporativos e de GPS, fazer videoconferências e assistir a televisão e vídeos.
Mudança de hábito
Também revoluciona o acesso à banda larga. Com a 3G, as teles móveis passam a ser potenciais concorrentes das operadoras fixas e de TVs a cabo, na oferta do serviço de conexão à Internet em alta velocidade tanto nas grandes cidades como, principalmente, nas localidades aonde a cobertura tradicional - cabeada - não chegou ainda.
De acordo com a GSMA, associação que reúne mais de 700 operadoras de telefonia móvel de todo o mundo, a tendência é de crescimento. A quantidade de dados disponíveis na rede, por exemplo, é duplicada a cada seis meses. "É fundamental que os governos estabeleçam um plano de espectro para cobrir as necessidades desses serviços, pois prevemos um grande aumento de demanda do espectro de banda larga móvel entre usuários finais", afirma Oliver Flögel, presidente da associação na América Latina.
O Diretor de Serviços Internacionais da operadora chilena Entel PCS e também diretor executivo da entidade, Juan Carlos Jil garante que não está muito longe o dia em que qualquer eletrodoméstico terá um chip para informar as necessidades da casa (que tal uma mensagem SMS do seu refrigerador, para dizer que é preciso comprar mais carne?). Parece revolucionário. E é mesmo, de acordo com Ricardo Tavares, vice-presidente sênior para Políticas Públicas da GSMA.
Essa revolução deve acontecer ao longo dos próximos anos e tem potencial para combater a chamada "brecha digital" - fosso que separa os que têm acesso à tecnologia dos que não têm. As plataformas 3G permitem competir com o ADSL, o que deve provocar um redesenho no cenário da competição de oferta de serviços.
"De agora até o primeiro trimestre de 2008, a velocidade passa para 7,2 Mbps. E deve evoluir para 28 a 42 Mbps até o fim do próximo ano", prevê. Tavares aposta na popularização da banda larga – seja por intermédio dos celulares ou de dispositivos como o dongle, acoplado à porta USB em laptops.
Impostos: Vilões em potencial
Os caminhos para a expansão passam, muitas vezes, por decisões dos governos. E a questão dos impostos é um tema importante, que precisa ser discutido entre governos, operadoras, fornecedores e associações de toda a região, de modo a favorecer o crescimento do mercado, a maior penetração da telefonia e a inclusão digital.
Os impostos, afinal, acabam sempre repassados para os assinantes. À medida que a penetração é maior, sobram as pessoas que não têm condição de pagar. Durante o 3GSM Americas, realizado no início de dezembro, no Rio de Janeiro, foi possível saber as práticas adotadas na região. Se aqui no Brasil, os impostos ficam, em média, em torno de 42%, há países que já acenam com menor tributação, em prol de maior arrecadação.
Chile e Uruguai têm tomado a dianteira nesse campo. No Uruguai, uma reforma fiscal praticamente eliminou os tributos para a telefonia móvel. "Especificamente para as telecomunicações, não há mais nenhum imposto. Apenas o de serviço de valor agregado e os impostos naturais às importações", conta Marcelo Erlich, gerente de Divisão da operadora uruguaia Ancel.
Para Leonardo Liggieri, diretor de Serviços ao Cliente da operadora argentina Telecom Personal, os tributos são um problema para toda a América Latina, mas a questão particularmente importante para a 3G é o espectro. "É esse o grande desafio", afirma. "É preciso ver quais serão os impostos em cima desse novo espectro", completou o executivo. Preocupação igual tem Erasmo Rojas, diretor para América Latina e Caribe da 3G Americas, organização que reúne fornecedores e operadoras Wifi de todo o continente.
Ele cita a Índia como exemplo de país que baixou os tributos e conseguiu aumentar a adesão à telefonia móvel e enfatiza que é preciso encontrar um novo modelo para o setor. "Talvez o modelo de receita para o governo não deva se basear numa taxa fixa. Isso pode ter sido bom há alguns anos, mas hoje as operadoras necessitam de um pouco mais de incentivo", observou o executivo.
"E uma maneira de ajudar pode ser que os órgãos reguladores não cobrem tanto pelo espectro, porque o espectro é caro e isso vai atingir o assinante. Você pode ter um preço final mais econômico, que é o que se está procurando fazer agora no Brasil, no leilão das freqüências 3G", completou o diretor da 3G Americas.
Paradigma Cultural
A maior dificuldade para a implementação da 3G tem sido, na opinião de Erasmo Rojas, a falta de definição – em países como Venezuela, Brasil, México e Chile - do novo espectro necessário. "Isso tem forçado as operadoras a utilizarem brechas para lançar HSDPA nos espectros existentes de 850 Mhz ou 1900 Mhz", detalha o executivo.
Outro senão, acrescenta, tem sido a falta de aparelhos que possam atrair usuários potenciais. O executivo lembra, no entanto, que já no final de 2007, o usuário terá à disposição cerca de dez novos modelos.
Porto Rico, Chile, Brasil e Argentina implementaram o HSDPA no espectro existente, cobrindo as capitais e as principais cidades. É o caso da brasileira Claro, que acaba de lançar seu serviço 3G/UMTS em 37 municípios. "Todos os telefones 3G funcionam com GSM, então isso resolve o problema da falta de cobertura", explicou Marco Quatorze, diretor de Serviços de Valor Agregado da operadora.
Para o engenheiro Guillermo Aracena, da Telefónica Moviles do Chile - país que lançou a tecnologia EDGE na América Latina, em 2003 -, esse período de transição do 2,5G para a 3G exige que todos revejam seus conceitos.
Há o desafio de promover uma mudança de cultura nos usuários, uma vez que surge o conceito de "banda larga pessoal", em que o assinante está sempre conectado e tem acesso permanente à informação. "Nos próximos cinco anos", aposta Aracena, "o 2,5G segue administrando sua base de cobertura e a 3G entrega qualidade e novos serviços onde o mercado exigir", completou o executivo da Telefónica Chile.
Com a 3G, o assinante experimenta de fato uma “banda larga móvel”, muitas vezes de qualidade superior à que se tem nas residências via ADSL ou cabo. "Isso permite aos usuários corporativos uma experiência de acesso à Internet móvel por meio de um laptop ou um aparelho em seu escritório, em casa ou fora de seu ambiente de trabalho normal, seja em um táxi, em reuniões, hotéis ou shoppings", diz Erasmo Rojas.
Daí a importância de investir na conscientização dos usuários, tarefa na qual a Telecom Personal vem se empenhando, na Argentina. "Focamos muito na educação do cliente sobre as vantagens. O complicado não é o investimento na montagem da rede, mas que a gente entenda a vantagem de ter um novo serviço e consiga utilizá-lo de forma inteligente", diz Leonardo Liggieri.
"Estamos avançando muito na questão dos pacotes, do preço flat pra Internet, de fazer um download de um vídeo pagando pelo serviço do vídeo, mas não pelo serviço de dados acima da rede", completa. Para o executivo da Telecom Personal, não são apenas os usuários que terão de mudar.
As próprias teles também precisam estruturar um novo tempo de trabalho. O modelo 3G, na visão de Liggieri, mudará o foco das operadoras como prestadoras de serviços. A ênfase, conclui, não estará mais no tráfego de dados, mas no serviço que as operadoras poderão oferecer através desse tráfego.
fonte:
http://www.convergenciadigita[....]/start.htm?infoid=11591&sid=17
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Posted: 2007-12-18 13:57:23
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